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Projeto chinês de “cidade do futuro” de R$ 9 trilhões na Paraíba é alvo de investigação do MP.

Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou um procedimento extrajudicial para investigar o projeto de construção de uma cidade futurística e de um porto de águas profundas em Mataraca, na Paraíba. Em parceria com investidores internacionais, o empreendimento receberia um aporte de R$ 9 trilhões. A ideia era aumentar a população da cidade de 10 mil para 3 milhões de habitantes. A cidade e o porto seriam construídos pela Brasil CRT, divulgada como uma empresa que pertence a um grupo chinês, mas tem sede em Minas Gerais. Apesar do valor em investimentos previsto para o projeto, o capital social da companhia é de apenas R$ 800 bilhões.

O procedimento foi aberto pela promotora Ellen Veras Ximenes no último dia 12 de dezembro, e confirmado nesta terça-feira (26). Ela determinou que um ofício fosse enviado à Prefeitura de Mataraca, que teria o prazo de 30 dias para encaminhar o relatório com o protocolo de intenções e qualquer outro documento firmado na parceria com a Brasil CRT. A resposta também deve apontar se há participação dos governos estadual e federal no desenvolvimento do projeto.

A demanda foi encaminhada ao município no dia 13 de dezembro. A promotora aguarda uma resposta para decidir se há ou não a necessidade de que outras medidas sejam adotadas pelo Ministério Público. A medida foi tomada após indícios de irregularidades se tornarem públicas. Confira a lista: Suspeita de que a obra seja cópia de um projeto de um escritório dinamarquês para um distrito futurista em Shenzhen, no sul da China; Consulado-geral da China no Recife afirmar que a Brasil CRT não exerce atividades oficiais como empresa em território chinês; Falta de detalhes sobre como os recursos para a obra seriam obtidos; Falta de um site (com informações, organizações e referências de outras construções) ou contatos disponíveis para comunicação com a empresa.

Procuradas, a Brasil CRT e a prefeitura de Mataraca, não responderam até a publicação desta reportagem. Já o escritório dinamarquês de onde o empreendimento pode ter sido copiado disse, em nota, que não está envolvido “neste projeto de forma alguma”.


Da Folha/PE